José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


E fui e voltei
durante duzentos e duzentos e
mais poucos anos.

E lá ela continuava
em sua escuridão.

Havia partido para
os juncos do Senhor das Portas
e, de resto, só um pedido
deixou: faça dele um rei.

Da rua onde moro,
onde chove pouco e
neva forte,
posso ver todos os
dias, dias de manhã à
sobrenoite,
ela passar lúgubre,
abraçada ao Senhor das Portas.

E apenas um olhar me lança
e sobrepuja em seus lábios:
espere mais duzentos e duzentos
e poucos anos,

nos campos ou cidades.
pois até lá o Senhor das Portas
libertará seu amor
da vã eternidade
para meus braços,

já cansados

e obreiro de saudades !

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 25/05/2022


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