José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Preciso intensamente
das horas;
elas me impulsionam,
me faz grato
e sobretudo sagaz,
pois sem ela, não vivo.

É hora prá cá, é hora
pra lá. Toda hora é minha
hora.

E são tantas que
não sei o que fazer
com o emaranhado de minutos
e segundos que me atordoam.

Mas as horas me perseguem -
como um estinlingue atiça um
pássaro -.

Se me guardo, não sei quantas horas
são. Não sei como medi-las.

Por serem inconstantes, uma hora
é assim, outra hora é diferente.

Mas sei que elas me perseguem:
não sou corredor de pista
veloz, nem autódromo
de crianças,
nem cronômetro de espartilhos,
nem vela que acalenta o débil.

Sou até bastante simples,
se não fossem tais horas
que cedo me acordam e
travam meu sono e
me levam a pensamentos
não cabíveis aqui.

Por isso as horas são
para mim,
ao mesmo
tempo, texanas e, outras,
vindas do Cabo das Tomentas.

E se me perguntarem as horas
já não vou saber:
meu relógio só marca profundidades -
e posso naufragar até 50 metros!

Bem, as horas estão passando
pro lado de cá.

E lá, uma coisa
me ensinaram:
pra amar não tem hora:
é só chegar bem na hora!

Mas isso é outro assunto
pra outra hora!

Mas é hora de ir.
Senão for, me perco nos
minutos
e me tonteio com os segundos.
Só espero que não seja
minha hora, pois isso é
coisa sagrada.

Tenho até medo daquele
ditado: "cada um tem
sua hora".

Benza! Que não seja a nossa!

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 25/05/2022


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