A vida é uma só,
dizem até que há duas:
não conheço nenhuma
delas,
nem do início
nem do fim.
Moro,
ou me deixo,
no fim de julho,
próximo
ao pomar de ameixas.
Meu fazer
é apenas
um espelho de
minha solidão,
com arcos iluminados
e vazios deslumbrantes.
Ou fico a deslumbrar
árvores do tempo
aquelas
que não se dobram ao
vento
e protejem
os frutos de julho,
as ameixas
sem dono,
por exemplo
ou as
ameixas-de-madagascar,
fruto doce
de nossas vidas.
Não sou chegado
de vazios,
mas peco pela indecisão
de nunca ter o que
está em minhas mãos;
de possuir sufrágios
e deles não fazer votos.
Da vida o que bem
conheço
são lembranças
merecidas,
untadas
por vôos em terras bravas
onde cotoviam aves,
espargidas de cores
divinas: nosso
sonho de
sempre estar juntos!
Então, passo rápido,
ninguém percebe nem a sombra;
mas quando sussuro seu nome
junto aos pássaros sem rebeldia,
eles cantarolam belezas
e mostram que dúvida
não há:
você vem coroada de rainha
e embeleza meu trapo corpo,
sem eiras,
com sua graça amena, e depois
me diz
à sombra
das ameixeiras,
meu senhor sou sua paz e luz!