José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


A vida é uma só,
dizem até que há duas:
não conheço nenhuma
delas,
nem do início
nem do fim.

 

Moro,

ou me deixo,

no fim de julho,

próximo

ao pomar de ameixas.

Meu fazer

é apenas

um espelho de
minha solidão,
com arcos iluminados
e vazios deslumbrantes.

 

Ou fico a deslumbrar

árvores do tempo

aquelas

que não se dobram ao

vento

e protejem 

os frutos de julho,

as ameixas

sem dono,

por exemplo

ou as

ameixas-de-madagascar,

fruto doce

de nossas vidas.

Não sou chegado
de vazios,
mas peco pela indecisão
de nunca ter o que
está em minhas mãos;
de possuir sufrágios
e deles não fazer votos.

Da vida o que bem
conheço
são lembranças
merecidas,

untadas
por vôos em terras bravas
onde cotoviam aves,
espargidas de cores
divinas: nosso

sonho de

sempre estar juntos!

Então, passo rápido,
ninguém percebe nem a sombra;
mas quando sussuro seu nome
junto aos pássaros sem rebeldia,
eles cantarolam belezas
e mostram que dúvida
não há:
 você vem coroada de rainha
e embeleza meu trapo corpo,

sem eiras,
com sua graça amena, e depois
 me diz 

à sombra

das ameixeiras,
meu senhor sou sua paz e luz!

 

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 31/05/2022


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