vivo no tempo,
da total
preferência:
morre um aqui,
sou eu a carregar,
cai acolá,
sou eu a levantar.
todos a chamar
- "ô preferência,
segura esta mulher
que não quer me amar".
vou eu lá
apaziguar
amores alheios
feito
mar revolto.
vivo assim,
de um largo
a um ponto,
sem restos,
sem fantasias.
vivo assim,
sem vôo
marcado,
mas tenho linha:
cumpro
o que mandam
e ainda,
sou capataz
de músico,
pois faço cantos
solitários
pelo caminho.
sou ninhada
de três;
me criei no rasgo,
e nunca me enlacei
com a bendita
mulher bela,
apinhada
de vestidos
de rara beleza.
Igual pão
que deixa a fornada.
vivo do tempo
e da preferência.
se você ver
alguém na rua
assim: meio torto,
vago, disperso, lento,
sou eu.
mas veja de perto:
é um homem, um raro e um triste,
mas com muita
patente !
com luas
de papel,
a carregar vivos
e mortos,
pelas esquinas
dos famosos
ou pouco loucos !