Minhas dores,
são meus acessórios
de vida!

Mas são necessários

pra quem chega ou vai

ou segue dolorido

pra lugar nenhum !

São ramos
de carinho e amor
que abarcam
nossas flores,

de disfarçadas dores.

Nossas dores
são feitas de cor
azeda.

Coisa que ninguém
se atreve a gostar.

E se provo do amargo,

você vira
doce, e se sou eu,

viro

 longo salgueiro.

 Passo, passo ao largo,
coisa de homem comum,
coroado de espinhos
do invisível;
onde ninguém vê,
ninguém quer saber !

Já fui pra não voltar,
já cheguei pra nunca sair.

Pois sou

homem valente e amoroso
feito de duas portas!

Mas a porta bate duas
vezes,
cercada de som opaco;
se vai, sou eu,
se fica, ela vai,
com desdém e lágrimas.

Se parti,
foi um dia

de soleira sem sol.

E tudo fica no passado que não
tem nem mais nome.

Agora, me perdi no tempo,
já fui pro largo
dos desaparecidos
em plena vida !

E se é por pedir,
todo mundo pede.

E eu,

peço,

abraçando flores,

e digo lá:

volta, Mariana
pra tudo voltar a ser

nosso pleno nicho de amor  !