Lírio de três véus,
de três vezes,
lírio do amanhã,
que sugere
o amor de nossa vez.
Lírio que amadurece,
ao posto-vento,
que redemoinha
por entre a vida,
e faz dela
um perpétuo
jaz de lembranças
do
sempre mãos-dadas.
Jardim que a abriga,
sem justos e com
fundamento:
lá, adquire o
sentido de mulher
ao fogar do sol,
ou quando chega
serena, a noite pálida.
E ela caminha
por entre roserais,
que faz parecer
um eterno vendaval,
que me ronda
num jardim poroso
onde até flores
parecem luminárias
de minha vida,
e por isso
me desorientam.
Nós somos o próximo
a velejar,
pela visão do mar,
na festa de córsega,
onde fizemos
atalhos contra o medo.
Mas não mais adianta
voltar,
não mais adianta
seguir.
Os pêndulos da vida
já nos marcaram
como parentes
do infinito, onde
não há horas,
nem pra amar.
E por mais que faça
ela já não é mais ela,
é outro círculo que
viveu no ontem.
E numa bela manhã
de descobertas
avulsas, percebe,
indecisa, que o chegar
às vezes dói mais
do que o ficar.
E se é lírio
morre cedo!
Se sou eu
vivo a esmo!
Hoje, pensando no grande
amor,
relembro no
bravio da vida :
tudo passa.
Que tudo passa perto,
muito igual
a brisa de ontem,
que tinha tudo para chegar,
mas também tinha tudo
para partir.