José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Extremamente atraente,
assim você é.
Meiga, terna,
desabando sempre
o ser feliz,
criando sempre uma 
ordem interior,
onde o amor
vem sempre
em seu corpo,
onde brilham 
diamantes
de um dono só.

 

Perceber até que é fácil;
vivenciar este milagre
é  doloroso.

 

Praticá-lo, tenho
dúvidas,
porque sempre
em qualquer vida
há perdas
e danos.

 

Sem velas e santos!

Falo do ser feliz
em um dia tê-la.


Obrigado por isso,
mas desculpe o atraso!

 

Falo de coisas íntimas
falo do início e do
fim das coisas:
coisas difíceis,
para um homem
jogar com sentimentos
ou ser servido 
no prato do
adeus !

 

Se falo é porque é terno,
se quero, é porque
a faina da conquista
é tão difícil,
porque a vida fez
assim:
para ter é
preciso
carregar no coração
o amálgama do feliz
e da cor da dor.

 

E me desaba o ser feliz,

onde tudo eram flores

e  súbito,

danço entre

lembrar o passado

e chorar pelo o amanhã feliz !

 

Hoje os espinhos

me perseguem !

 

Mas mesmo se conquisto, eu já não tenho.

Sinto que perco.

O tempo já 
é mercador de minhas
lembranças.

 

Assim, ajuizado de pequenas dores,
vejo os dias passsarem
e com eles você se dissipar:
como uma águia que 
rompe o horizonte
até as bordas do último céu.

 

Se tive, não me arrependo:
mas fui descobrir tarde demais.

 

O tempo é cuidadoso, bom
e valente.


Deixa para afagar e trair
no final das horas.

 

Se sofro, sigo sozinho.


O que fazer diante do tempo?

Senão, cabisbaixo, dizer:
Um dia foi milagre da perda,
no outro, todo ternura!

 

Hoje, virou flor passada,
cheio de jardins sem ramos,
onde a primeira flor
é sempre do próximo.

 

E se me perguntarem onde estou.
Onde estou ?
Eu digo - hoje mal sei se existo!

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 03/08/2022
Alterado em 04/08/2022


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras