José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Sou forma 

e barro, 

cumbuca aleijada 

de abas tortas; 

que, agora, 

rosco e me esrosco, 

no sonho dela. 

 

Sou força 

e desalento. 

 

Paramento sem festa, 

dúvida de qualquer sol,

dúbio de pensamentos !

 

Sou cor virada, sem tom, 

que desabrocha no verão 

sem flores,

sem qualquer espécie

de lado bom.

 

Sou amaciador de pássaros, 

andador de ruas, 

passageiro fugaz 

de avenidas empoeiradas 

de luzes sem  vassalos. 

 

Sou forma 

e desamparo, 

roda de passar, 

gente de ver, 

gosto pra provar,

sou

vítima ocasional 

da vida que passa. 

 

Sou forma e barro, 

rosco e me enrosco, 

na lembrança dela, 

que dorme vestida 

de fugas, em 

algum lugar 

do meu passado, 

que se perdeu 

no tempo 

de minha vida,

sgora

de lasco, já esquecida.

 

Hoje, na virada da vida, 

procuro e não acho 

coisas delas. 

 

 

Mas, no fundo, 

rosco que me enrosco, 

sei que partiu, 

pra terra do longe, 

onde sonolentam os 

desalentos

 sonhos de minha vida. 

 

E da vida,sei: 

nunca mais vou 

vê-la: 

não tenho contratos 

de sabedoria com 

a paz dos santos. 

 

Não sou alvenaria

dos espírito,

nem corda

truncada no pescoço

dos lordes.

 

E fica assim:

você virou vitrine

de quebrar,

eu me tornei

amor olvidar !

 

 

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 10/08/2022


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