Tempo do tempo arguto,
que me leva às àguas claras
de um lago que já foi tudo,
onde até rosa-marinho brotava.
Tempo dos presentes, dos vivos,
tempo que andavam no coração e nos
campos de flores ricas,
tempo que me diziam:
me dê um abraço
que eu te dou um beijo
e canto uma canção.
Tempo dos tempos,
sem volta,
levando a soltura,
todo de encantos,
todo de suspiros !
Mas o brilho era só
para disfarçar a dúvida súbita.
Deuses,
começaram a trabalhar ávidos,
com o tempo que não
tem hora, e
dele fazem um campo
de despedidas,
vazio e sem vida,
sem encanto.
Mas hoje, se quiser
revê-los com amor,
tenho a permissão
do dono
da alça-de-porteiro.
É só chavear a porta,
sem medo,
e abrir os portões
vesgueiros!
E lá encontrar os idos
e partidos,
pois o que a vida faz
com a gente
é só levar.