Cada poeta tem sua vez. A vez faz o momento: abre chagas ou sorrisos, dor ou paz.
Dos dois nasce a nota poética, a flauta doce, o oboé, o violino, que se misturam para fazer brotar o doce momento de ver nascer, três ou quatro palavras que descrevem amores, alegrias, tristezas - e até a premente ida -, mas nada disso abate o poeta.
O que compõe no interminável é uma orquestra indomável de querências.
Ao contrário, o faz engrandecer diante da vida que é ávida, segue o pouco a pouco, e nasce, dentro de dele e espelha em nós.
Vento que bate. Vento que assola e amedronta. Vento do norte que parece vir da própria morte. Mas traz um frenesi e uma esperança que ele esqueceu de nossas sombras.
Se a perdi, foi a tempo curto. Se nunca a ganhei, foi bem longo: dias e dias a procura.
A perdi na roda que o mundo dá: e e sabia o pior - um dia ela seria seria carregada pelo vento.
E assim se fez, assim se foi. Nisso o poeta é augusto, sofrimento e dor se tornam uma coisa só. Sem uma definição de fenências. Mas a beleza que descobrimos é nossa, pois ela se faz em amor ou luz de amor.
E todos nós somos um. Eu escrevevo te procurando, você me procura, igual a uma deusa que também procura a luz do apanágio.
Nisso, somos dois belos e abanados por frestas de amor. José Kappel
Enviado por José Kappel em 17/08/2022
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