José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Lasciva noite de sonhos, ondem paredes de cor anil se misturam a gritos e pessoas sem rumo.

 

Perdida noite de insônias onde pássaros se afuguentavam em ninhos supostos de calor, onde flores murchavam, com pendem os homens mortos.

 

Gritos e ânsia de correr; de procurar outro mundo. De inventar uma paz moradoura e amiga que afagasse meus ouvidos com palavras doces de avelãs e corridas de mel. 

 

Corro por entre vãos e clareiras, ultrapasso montanhas impossíveis e cáusticas prá lá da Costa de Zambaia. 

 

Ouço vozes, mas não são para mim que habito ao lado - um quarto miúdo de uma porta - uma saída - onde ninguém passa, nem para entrar, nem pra sair. 

 

Sou do Ouvidor, da vila de antiguidades, das charretes polutas e lavadas, dos homens formados de terno de brim e gravatas soleiras. 

 

Sou desse tempo e por lá fiquei, pois as vozes que me batem, vêm de lá.

 

Lá onde meu amor, tonto, morreu sem voz,sem paz, porque o destino quis. 

 

E ai, encrenco! 

 

Que destino faz isso, que nos leva tudo e só nos deixa um lenço de cetim pra chorar?

 

E, de resto, uma dor meiada que é prá sempre procurar !
 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 17/08/2022


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