José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Saturnino de presença,
lua por angústia,
sou também
sol por desespero.

 

Soma-se este condado celestial
e desaguá-se numa avenida
de desesperanças.

 

São assim meus dias.

 

 

Ah! Dias sem volta!
Que poucos retornam
e lá avisam, com desdém,
se vai nascer, vai
ser espelho
ardido do nosso mundo!

 

Se já não sou geografia pra tanto,
e pouco aprendiz de coisas
de grande trato,
me faço de esconder
entre quatro paredes,
duas luzes
e uma cama sonolenta,
de palha pura.

 

Pra isso vim parar aqui.


Pra alertar os incautos
nunca nasçam num berço
sem dono:
você vira bólide perdido
que se esvai pelo vale e
que de encanto não 
tem nenhum.

 

E por isso
é bom dizer:
não é hora para remediar,
não é hora de três quartos,
nem de meia vesga.


O agora é hora
do tempo.
Se ele for seu dono,
passivo seja no andar;
se não tiver escravidão
seja dono de você mesmo.

 

Mas procure dentro das
mestras luminosas
o cordão mágico, e
que jamais faça você renascer,
principalmente se estiver 
perto de Saturno,
com dez anéis, 
porque 
são, eles, nossas
dez agonias!

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 25/08/2022
Alterado em 27/08/2022


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