Vivo simples,
trôpego e audaz, mas
carregando mazelas e
raras esperanças.
Vivo, assim, de corrente
atada às mãos e um mago
coração à espera.
Vivo simples,
sem correrias,
sem correr trilhos,
sem esperar sinais
que estocam sempre
no vermelho.
Sou de paz e esperança,
sou dengo de três vozes,
mas não sei ganhar,
sou bandeira, mas
pátria não tenho.
Tenho macieiras, destas
de comer, mas não quero voltar
no tempo, e nunca mais correr
atrás de frutos sem damas
de compania.
Porque logo atrás, depressa vem,
meu passado que perdi,
meu futuro que despedi,
meu presente feito de
cimento de construir,
e a imagem dela
pronta pra me servir
de pontas de luz
que jorram de seus olhos
com almejos de amor.
Tudo isso porque
não posso viver sem ela.
Agora só espero o tempo
passar e, por milagre,
renascer no colo dela.