Perdi a tão amada
por três tempos!

Da primeira vez, subjuguei;
na segunda, me fiz de prosa,
na terceira, fiz desprezo!

Hoje, abatido, mas altivo,
rotulado de saudades,
aprendi:

Nenhuma mulher se despreza
porque do tempo nada se sabe;
porque a vida é só uma,
e o dia de amanhã
só quem sabe
é a resma de segundos.

Ela, que te amou às escuras,
ela que até rezou por você.

Virei um teatro da
tristeza, o menos ouvido,
e o menestrel
menos aplaudido.

Agora, ambulante, sem fala,
corroído de ânsia
de pouca valia,
e esperanças de
muita dor, sem lances!

Se espero, ganho por pouco,
se parto, perco de vez.

Se fico, sou espetáculo louco
na voz do povo que só me vê
como ânsia dos que não perderam.

Loucura minha de quem abandonou
o único trem que levava à vida,
mas nunca trazia o
amor
perdido!