O medo avança diante da noite. Eu, sofrido e pávido, me escondo entre as poucas luzes que me restam. As lembranças vão e vem.
Latitudes de amor!
Os sonhos me sacodem toda a noite como se fossem embrulho trocado de Natal. uma eternidade de perguntas, cujas respostas não alcancei.
tenho lá medo de sufragá-la à minha vista - parte do coração!
só me acham em bolsas de fiapos e solidão. Se sou fruto-amargo, também estou farto de rainhas sem reino.
Princesas fastiadas de calor e desventuras me afastam de sua beleza!
É quando a solidão bate à porta e não faz mais perguntas!
Uma festa no sozinho acizentado, é uma parte dela.
O que ficou, ficou para atrás. Mas o que vem pela frente é tudo o que ficou atrás.
Igual a uma estrela nascida.
O que está presente são lembranças, fáceis de lembrar, trocar e até perder.
Não faço por menos, sou forte, mancebo de dois séculos.
Sou guerreiro de duas flechas. Uma para saudar os nobres, outra para guardar o caminho da eternidade.
Se sou guerreiro, minha tenda velha ficou.
As entradas estão esgotadas para as coisas santas e as portas estão cerradas.
Se ofereço, me negam. Se me compram, compram aos pedaços e meio. Sou vago caminhante a procura de cachoeiras maravilhosas e pássaros encantados.
Ah! a fadiga! Já estou interditado e premente de esperas. Sou rápido e fugaz. Atendo todo mundo! Mas na hora de chorar vou para um canto de mais sombras. Onde dorme minha companheira sem nome!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 30/08/2022
Alterado em 24/03/2023 |