Vinha andando
pela calçada
que faz
broa com
a próxima esquina
da vida.
E tinha três saídas,
duas portas
sem luz,
com janelas
com frestos
de ontem,
onde as avós
sentavam
e viam o mundo
dançar ali.
Vim andando e pensando:
não posso andar nem pensar,
já não posso sair ou entrar.
Passo ao largo
e devasso meu medo!
Medo de ser amanhã
o que não consigo
ser hoje.
Nesta esquina
de três
pontas tem
um andar de
dez andares!
Bem concretado
de altura, para
qualquer desvaneio
de suicidas.
Mas não tem dizeres
de amor,
nem cômodas de
amêndoas!
Tem coisas sem anexos,
sem petições falsas
de soltura e
de mulher de cheques
avulsos, assinados
pelos senhores feudais
da reluzente Casa de Penhores.
Não posso andar nem
pensar ! A vida
é ingrata com os inocentes
e amena com os culpados.
A vida lateja
nos degraus do passado
onde tudo morreu de
tanto querer viver e,
eles, os avulsos e poderosos,
se
tornam,
rotina e,
homens probos,
que são.
São pobre cansaço da vida,
e espelhos de
pobres amores pela nexo!
E a história, já cansada,
destes homens sem vida,
sabe que lá a ou aqui, a história
se repete :
e é hoje o que foi ontem
é hoje o que
vai ser amanhã.