José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Vinha andando 
pela calçada
que faz
broa com
a próxima esquina
da  vida.
 
E tinha três saídas,
duas portas
sem luz,
com janelas
com frestos 
de ontem,
onde as avós
sentavam
e viam o mundo
dançar ali.

 

Vim andando e pensando: 
não posso andar nem pensar,
já não posso sair ou entrar.

 

Passo ao largo

e devasso meu medo! 

 

Medo de ser amanhã
o que não consigo
ser hoje.

 

Nesta esquina 
de três 
pontas tem
 um andar de 
dez andares!

 

Bem concretado
de altura, para
qualquer desvaneio
de suicidas.

 

Mas não tem dizeres
de amor,
nem cômodas de 
amêndoas! 

 

Tem coisas sem anexos,
sem petições falsas
de soltura e
de mulher de cheques
avulsos, assinados
pelos senhores feudais
da reluzente Casa de Penhores.
 
Não posso andar nem 
pensar ! A vida
é ingrata com os inocentes
e amena com os culpados.

 

A vida lateja
nos degraus do passado
onde tudo morreu de
tanto querer viver e,
eles, os avulsos e poderosos,
se
tornam,
rotina e,
homens probos,
que são.


São pobre cansaço da vida,
e espelhos de
pobres amores pela nexo! 

 

E a história, já cansada,
destes homens sem vida,
sabe que lá a ou aqui, a história
se repete  :
e é hoje o que foi ontem
é hoje o que 
vai ser amanhã.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 15/09/2022


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