José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Sou faina diária,
perco pelo laço,
ganho na postura,
empato com o despreparo,
mas divido com os párias.

 

Sou trama marcada,
apoio de ombros,
que são sombras,
e dúvida de todos:
lá onde o sol se
põe
em arcos dourados
e filetes de luz.

 

Tenho achados
e perdidos em meus
braços.


Argos
de palha e flâmula
dos arrependidos.

 

Tenho viga de aços
atropelando
meus sonhos que,
se envolvem com alguém
mais,
que se oculta
em portas ocupadas.

 

Na faina dos perdidos,
me coloque em primeiro
lugar.


Tenho folga para pensar
e todo amor para ganhar.


Avesso-rei, deixa prá lá.

 

Na minha faina
não ganho dos
perdidos:
eles são mais audazes,
e eu só engantinho
nas centenas de
ocasos.

 

Sou sobras e faino
minha alma
no doce pensar,
na fácil  graça
que em sua face
desponta,
para o amigo fácil.

 

Sigo agora sem laço
para o lado dos esquecidos.

 

Se quiserem,um dia,
visitem este parque:
ele faz parte de minha trama:
da faina da descosedura,
onde todos pisam até com 
muita arte.

 

É só minha vida

que nunca teve início

e, agora afainada,

procura um fim.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 28/09/2022


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