Uma garrafa de aguardente
é sempre bom nessa hora,
hora de ninguém,
hora dos soltos,
das levas da meia-noite,
hora da meia-vida,
e mal pensando:dos ausentes.
Nessa hora de medo,
um aguardente é bom,
suaviza o momento das seis;
hora que
não tem ninguém com
a mão no bolso,
hora em que um agarra
na bóia mais próxima
e mergulha fundo
no oceano de sua alma.
Hora de ninguém!
Tocada às seis,
todos fogem pro colo
de alguém,
mesmo que seja
uma aventura sem
fronteira !
Eu, com muito medo da vida
que sei que só dá uma volta,
e até joga gente prá fora.
Gente até querida!
Me alastro de me perder!
E me escondo atrás de meu copo e digo:
Manuel, Manuel,
me traga mais uma dessa,
pois tenho medo e tenho pressa
de não morrer !