Tenho dois pares
de sapatos,
dois pares de
amigos
e um bar
de inimigos.
De tanto ir
e não chegar,
troquei por uma
dobra de botas
um prá ir, outro prá voltar.
Tudo é complexo,
quando o voltar é fácil
e a chegada tão difícil.
Módulos de campanha
me acompanham na longa jornada
que nunca tem fim.
Uma hora, pra,
outra pra cá,
igual soldado desarmado.
Minhas conquistas,perdi,
minhas vitórias,desprezei,
nada e mais novo,
nunca tudo foi tão velho.
E o cansado calceteiro
lá me aconselhou:
se querer andar
primeiro tem que viver.
Mas viver pra quê?
Pois de andarilho tenho muito
e de amor só um,
que, por destino,
me feriu feito senzala.
Agora, conquistar é difícil,
perder é fácil,
e pra viver
falta um pouquinho
de áspera coragem !
Mas sei que tem gente
de plantão,
na casa dos nadas,
que está sempre paralela
a minha próxima hora do abismo!