José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Sou montanhês de dois
cajados,uma manta de lã,
uma meia de cabra;
não tenho parentes,
só espinhos.

Não que seja bravo,
sou montaria dos ventos,
e maino do sol.

Me ruivo ao rodopiar
ao forte sudeste;
tenho cabras leitosas,
e quando cai a noite
me fecho em abas.

Sou simples e rudimentar.
Não sou de letras
não tenho canetas,
escrevo com coração;
quando acordo,
e a majestade da montanha
desperta, nasce a
festa interior do homem.

Os pásaros se rebuliçam,
as coisas se esticam,
a natureza se esfrega como
dois pombos apaixonados,
o sol é o primeiro a chegar
retirando lentamente a
noite de seu lugar e
é o último a nos deixar.

Não conheço vales, nem campos,
o que vejo aqui de cima
é algum puro mar longíncuo
e restos de palhoças,
bem dispostas,
dançando ao veroz vento
e se abrigando do forte sol.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 29/10/2022
Alterado em 30/10/2022


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