José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Fico em paz depois 
da derrota,
recolho armas e bordões
da guerra interior,
cujo passado tem três
séculos.


Mas o presente
fermenta 
a dor como água purificada
no corpo desguarnecido!

 

No afã da luta, perdi
um pouco da alma,
um pouco do espírito,
mas ganhei medalhas
de solidão.

 

Pouco  valia
a falta total de ser,
nem sobras,
nem, pelo menos,
um pouco
de ser romano,
sem ser romanesco.

 

Não sei mais destacar 
a beleza,
sei apenas cair,
cair num poço profundo
disponível aos solitários,
e que nunca é aprovado
pelos precatórios de toga
para ter fim.

 

Meu trovejar é de ouro;
toco melodias de ciganos,
de supresas, para apoio
àqueles que não tem ardose
nem um pouco de sol.


Lá onde varre o pleno inverno
que chamam de princípio
de inferno.

 

Minha guerra terminou:
carrego o fardo da derrota
sem planos e destinos.

 

O que me resta, passou
como um vento ganancioso,
fiquei só  à porta de alguma 
tempestade, esperando
o dia, dia imensurável
de colar seu rosto no meu!

 

 

(Poesia dedicada à Ticiana )

José Kappel
Enviado por José Kappel em 30/11/2022
Alterado em 01/12/2022


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras