José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


A vez não tem
hora
e quando chega,
 pode ser a sua.

Foi assim a vida toda:
ela, de blusa de cachemira
vermelha,
-veludo carmim - ,
sedosa,pura, cheirosa,
eivando o espírito mais
simples,
transcendendo a
própria imortalidade.

Mas teve a vez:
o perfume se foi
como voam àsperos,
do frio, as andorras.

O cheiro se transformou
em âmago de nogueiras,
em córrego passageiro.

Mas teve a vez,
o corpo
que não era dela,
nem de mim próprio,
meu, sem dono,
se foi com o tempo.

Agora com o
jardim já seco
batido pelo sol,
meado de fome,
tem a luz que sufoca
as plantas róseas mal vestidas,
e árvores quase secas.

E assim se foi.

A imortalidade tem um nome
bem comum,
que poucos ousam falar.


Tem nome de ontem

e de hoje a de amanhã.


Onde
cada dia,
vive dentro do minuto,
mas que sufoca
a respiração da gente.

E dissemos adeus
no típico aceno

para o porto vazio.


E saudade tem nome,
é levedura
do ventre escorrrido.


Com lágrimas do algoz
cavalheiro ,
que agora só, é pedra,

é rocha desesperada

e fugaz.

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 08/12/2022
Alterado em 09/12/2022


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