José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Tenho o que posso.
O que não posso, julgo que tenho.

Além das portas de sombras
vive o outro eu.


Cáustico, enigmático, diápaso,
conivente com o humano e com as
bordas dos corpos que me
outorgam algum calor.

Se meu tempo já passou.
Ele passou. Esquecido.

Não torture os olhos com
lágrimas.


Viva cada dia,esperando a noite
e dentro da noite se pronte
para esperar seu novo raiar.

Ilusões à parte, não sou feliz
assim. Mas me acomodo assim.

E tenho o que posso
e as que não posso,
finjo de barbatanas
bem afiadas, que as tenho.

Mas, pensando bem,
não sou feliz assim,

pois alcanço o que posso

e largo,

pela razão,

tudo que 

conquistei pelo desfaço.

 

( Poema dedicado à Ticiana )

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 15/12/2022
Alterado em 15/12/2022


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